Furaha é uma mulher refugiada em Uganda. Aos 28 anos de idade é casada e mãe de 5 filhos. Como outras lá, além de cuidar da família ela também trabalha diariamente na sua pequena plantação, pois depende do sucesso dessa colheita para sobrevivência de sua família. Uma das primeiras atividades diárias, depois de acordar, é “cavar”, ou seja, trabalhar em sua pequena roça. Foi depois de seu trabalho matinal que ela se sentou e recontou um pouco da sua história de vida e experiências aos nossos missionários.

Da República Democrática do Congo, vive hoje em Rwamwanja Refugee Settlement – Uganda. Ela e sua família deixaram sua pequena vila em 2013, quando começaram os conflitos em sua região. Decidiram sair de lá por sobrevivência e tiveram de deixar tudo para trás: Suas poucas posses, sua casa, seu pequeno pedaço de terra, seu povo. Ao saírem, viram ainda muitas pessoas mortas com muita violência. “Foi tudo muito rápido e difícil, e não sabíamos se iríamos sobreviver”, conta Furaha.

Após caminhar dias em direção à Uganda, ouviram dizer que poderiam ser bem recebidos. Ao atravessar a fronteira, com apenas algumas peças de roupas, foram encaminhados para um campo de transição, onde ficaram alguns dias até serem registrados e levados para o Assentamento de Refugiados de Rwamwanja, a oeste de Uganda. Na ocasião, Furaha estava prestes a dar a luz, o que aconteceu alguns dias após a chegada deles em Rwamwanja. Este campo tem hoje cerca de 74 mil pessoas, a maioria delas de origem Congolesa, como a Furaha.

Ao chegar no campo, devidamente registrados, eles receberam algumas sementes, um facão e um pedaço de lona plástica, além de alguma quantidade de comida. Os funcionários do governo levaram Furaha, sua família e outros refugiados para um pequeno pedaço de terra, de geralmente 40m2.

Neste pequeno pedaço de terra o procedimento padrão é que cada família construa a sua casa e plante para sua sobrevivência. Furaha e seu marido assim o fizeram e quando os conhecemos eles moravam em uma pequena “toca”, onde havia espaço suficiente apenas para dormirem todos juntos, e mais nada. Naquele tempo, em 2014, nossos missionários à convite do Pastor Stephen foram visitar  Furaha e sua família porque eles haviam chegado recentemente e estavam enfrentando muitas dificuldades.

A visita foi um pouco tensa.  O seu marido não quis participar da visita, pois não estava se sentindo bem emocionalmente. Os olhos corriam lágrimas e ela disse: “Perdi minha filha recém nascida e a minha filha mais velha em apenas um mês. Porquê Deus permitiu isso”?

Ficaram ali por alguns minutos, após ouvirmos seu lamento e choro e tiveram a oportunidade de dar um longo abraço. O Pastor Stephen disse a eles que poderiam contar com a Igreja e orou.

Hoje a heroína Furaha é uma das pessoas mais ativas nas atividades na comunidade e nas atividades de sua Igreja. Depois de participar de sessões de aconselhamento pós-traumático promovidas pela MAIS e outras organizações parceiras, ela tem passado por um processo de cura de suas experiências de guerra, perda e de refúgio. “Assim como hoje eu estou melhor, eu creio que juntos e com a ajuda de Deus podemos ajudar os outros” – finaliza Furaha, com seu tradicional e inspirador sorriso.

Ore por Furaha e por tudo que Deus ainda irá fazer por sua família.  Que outras mulheres em busca por refúgio possam ser encorajadas por meio de sua vida.

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